quinta-feira, 20 de março de 2008

Respeito aos cabelos brancos


O rápido envelhecimento da população brasileira, seguindo tendência mundial, e a maior dependência do rendimento do idoso no sustento familiar torna muito oportuno o debate sobre a situação desses cidadãos na sociedade.
O Brasil, que durante décadas foi apontado como um país jovem, vai, aos poucos, enxergando uma imagem mais madura na frente do espelho. Segundo o Censo de 2000, do IBGE, menos da metade da população (49,7%) está abaixo dos 24 anos. Em 1991 eram 54,2% nessa faixa etária e 4,3% dos brasileiros acima de 60 anos eram chefes de família. Hoje, 5,3% dos idosos são responsáveis pela sobrevivência familiar.
Nossa cultura valoriza muito a juventude, pelo histórico de país jovem e, sobretudo, por conta dos recentes estudos que apontam o grande potencial de consumo dos adolescentes.
Vincular maior alegria e prazer de viver ao jovem é um argumento de nosso cotidiano – na família, na mídia e nas campanhas de marketing – mas que se acentua no contexto de uma sociedade global de característica hedonista e fundamentada na cultura do descartável.
O preconceito contra o idoso está presente nessa sociedade e, com freqüência, é manifestado pela falta de sensibilidade e de solidariedade, numa atitude em que torna depreciativo o destino inevitável de todos nós: sermos testemunhas do tempo.
Envelhecer é o exercício de viver, tanto que nas sociedades orientais é entendido como sabedoria. De forma oposta, no ocidente, é notado pela alteração de algumas funções orgânicas. O próprio adjetivo “velho” nos dicionários figura como: obsoleto, antiquado e gasto pelo uso, mas esquecemos que na linguagem coloquial “meu velho” traduz camaradagem, confiança, amizade e companheirismo – este é o real significado do envelhecimento.
Na sociedade atual, em que o tempo e a velocidade ditam a ordem e a intensidade das relações, o idoso tem seu próprio ritmo, o que não quer dizer que seja menos competente. Existem limitações sim, que são plenamente superadas pela experiência. Ver o idoso como problema é ter uma visão míope do próprio futuro.

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