sexta-feira, 21 de março de 2008

A ligação entre aparência física e o preconceito


Os problemas referentes ao preconceito não se resumem à discriminação racial. O preconceito acontece das formas mais diversas e se aproveita de fenômenos bem comuns, como a aparência física. Apelidos, piadinhas, brincadeiras e insinuações costumam ser “levados na esportiva”, como se diz, mas quase sempre têm sentido pejorativo e por isso representam uma forma de preconceito, mas não ainda dos mais graves. O problema se torna realmente sério quando discriminações dessa natureza chegam ao ponto de sugerir a exclusão social da vítima e, mais ainda, quando gera traumas que comprometem sua saúde emocional. É amplo o leque de possibilidades que se referem à aparência física, marcado por extremos: O “bonito e o feio”, pessoas obesas ou muito magras, altas ou baixas, com problemas patológicos, deficientes físicos e, até mesmo, mentais. Tudo porque grande parte das pessoas julgam pelo que vêem.
A professora Íris de Souza Cabral, 34, estudante de Pedagogia, diz colecionar histórias onde foi vítima de preconceito, tanto por ser negra quanto pela obesidade. “Uma mãe de aluno, ao chegar na reunião de pais que antecede o primeiro dia de aula, olhou pra mim e disse: ‘minha filha não vai ter aula com esta negra”. Sem perder o bom humor, Íris também conta que, muitas vezes, em locais públicos percebeu que ao se aproximar pessoas demonstravam receio, escondendo a bolsa ao passo que procuravam de afastar. “Tenho muita história pra contar, diz Íris sem perder o sorriso: “ outro dia, no ônibus, uma senhora perguntou se eu tinha carteirinha de deficiente, alegando que a minha gordura era deficiência”. Segundo a professora, esse tipo de coisa está sempre acontecendo com ela, no trabalho e na rua. “Eu só sei que tenho nome de deusa, e me sinto assim, linda”, finaliza Íris, comprovando o alto astral.

(...)Quando se valoriza tanto a aparência física, automaticamente cresce o preconceito, porque não são consideradas as qualidades pessoais. Os considerados “bonitos” também passam por isso. ”As pessoas costumam dizer que uma pessoa muito bonita não pode ser intelectual, e vice versa”, diz Roseli. E Silvia completa: “O bonito sofre preconceito da mesma maneira que um “CDF” sofre. Há sempre uma cobrança de ser o bonitinho, o certinho, o educadinho...”. O importante é a valorização do ser humano e ter consciência de que julgar pela aparência , além de não ser um bom recurso, também é preconceito, e pode causar sérios traumas em quem sofre esse tipo, pouco analisado, de discriminação.

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